quarta-feira, 27 de junho de 2012

A garota


E era movida por palavras. Vivia somente por isso. Ela não tinha casa, nem família, nem direção. O que a restava era sua máquina de escrever, algumas folhas e um coração, que fora machucado uma vez, mas jurara a si mesma que nunca, nunca iria se machucar de novo. E escrevia. Ela escrevia sobre amor, ódio, tristeza, solidão. Seria uma ótima bloggueira, se tivesse a oportunidade. Era a garota do futuro prendida ao passado. Vestia roupas estranhas e sapatos considerados "ultrapassados". Mas era o jeito dela. O jeito doce, puro e feliz. Quase feliz.
Sabe, ela gostava de flores. Pequenas, grandes, bonitas, cheirosas, brancas, vermelhas, em botão, murchas, desenhadas por ela mesma. Eram flores. Mas a vida não se resume só a isso.
Andava por estradas consideravelmente sujas, não tinha direção. Andava procurando por inspiração. As vezes, rabiscava duas ou três palavras numa folha de papel meio amassada, mas tinha cuidado ao escrever, para a tinta não acabar. Ela ainda não tivera a sorte de achar uma pena por aí.
Uma vez, teve a quase sorte de encontrar uma bicicleta. Mas ouvira alguém gritar algo como "Isso é meu!" e logo depois "Burra!". Mas ela não entendia essas palavras. Nunca tivera nada, e não criticava a ninguém. Na verdade, ela era criticada por pessoas ricas por não estar na moda, ou algo assim.
Chorou umas vezes, sobre a relva. E a máquina de escrever registrava tudo. Desde o choro até o adormecimento da "Bela". Mas não lhe davam crédito. Suas histórias pareciam tolas de mais  para aqueles sábios ou sei lá o que. Disso ela não entendia. Na verdade, não entendia nada. Só sabia escrever. Escrever sobre seus sentimentos. E era julgada por isso também, por alguns, por pensar com o coração. Mas era mentira, ela pensava antes com a mente, para agir com o coração.E fechava os olhos, só para sonhar um pouco. Sonhar que tinha uma família de verdade, que tinha amigos de verdade, que tinha um amor de verdade. E adormecia. Em qualquer lugar, não tinha paradeiro. E logo depois "Ops, como sonhei!". E se machucava mais um pouco. Teve um dia que sonhou que as pessoas lhe entendiam. Mas, logo depois, acordou. Tinha caído do banco do parque. E se machucou, tanto por fora, quanto por dentro. Seus joelhos ralaram, mas seu coração estava despedaçado. Tudo que sonhara era mentira. Tudo, tudo. 

Escrito por Taiane.

6 comentários:

  1. Tatiane, lendo seu texto me deu uma saudade da máquina de escrever do meu pai...dos som das teclas, do emperrar das folhas.

    Ótimo texto, você escreve muito bem.

    Abraços

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    1. Obrigada :) Ah, só uma coisa, não é Tatiane, é Taiane, mas tudo bem, é normal confundirem :)

      Beijos,
      Tai ^^

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  2. Oii :)
    Nossa, adorei o texto *-* Você mesma que escreveu, pelo comentário assim, certo? Você escreve MUITO bem, parabéns! Adorei o texto, uma triteza sutil e delicada, adorei mesmo!!! Vou ler os próximos com certeza ^^

    Beijos, Nanda
    www.julguepelacapa.blogspot.com

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    1. Sim, fui eu que escrevi :)
      Muito, muito obrigada! Você não sabe o quanto que eu fico feliz de saber que quem passa por aqui está gostando dos meus textos!
      Vou visitar seu blog também :)
      Beijos,
      Tai ^^

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  3. Que perfeito *-* Você escreve super bem > <
    Adorei o seu blog é muito lindo e delicado :3
    Já estou seguindo ^ ^
    Espero continuar a ler seus textos ^^

    O meu blog caso tenha tempo ou vontade de ver ^^'
    Não está muito relacionado a livros e sim a desenhos...
    Mas ler o seu blog me deu uma vontade de escrever mais, ás vezes faço isso,mas não acho que ficaram muito bons hahah.
    Então obrigada ^^
    Ah o blog: http://just-find-it.blogspot.com.br/

    Até Mais
    Carol :3

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    1. Aiii que bom que gostou, florzinha! Fico suuper feliz!
      É claro que vou visitar seu blog!
      Beijinhos,
      Taiane.

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